MANIFESTO TÁBUA DE MARÉ: UMA QUESTÃO HUMANA DE RESPONSABILIDADE DE TODA A SOCIEDADE.

DIA 03/03/2010 ENCONTRO AMIGOS DO MAR

ACONTECEU NO BIRITERIA BLUE, AO LADO DA IGREJA DA BOA VIAJEM, O PRIMEIRO ENCONTRO DE APOIADORES LOCAIS DO MANIFESTO POPULAR CONTRA A PESCA COM EXPLOSIVOS NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS. MÚSICOS, MORADORES, COMERCIANTES E LIDERANÇAS CONFRATERNIZARAM AO SOM DE PAULO ALMEIDA, REINALDO , REIZINHO, VAL RODRIGUES, FABRIZIA MIDLEJ, FABY GALVÃO E CARLOS FRANÇA. O EVENTO CONTOU COM APOIO DE ELBERT JUNIOR, ILUCTRON ILUMINAÇÃO LEDS ATRAVÉS DE SEU REPRESENTANTE ADRIANO BRITTO, INSTITUTO NHAÚMA DE DESIGN E INOVAÇÃO-REGISRANDO A PRESENÇA DO PORTAL VIVA SALVADOR, DO COMPOSITOR DA MUSICA CHEGA DE BOMBA NO MAR, TATA LOPES, DUDU CAIEIRA E LUCIANO CICA. fORAM DISTRIBUIDOS PREMIOS AOS INDICADOS PELOS PRESENTES COMO AMIGOS DO MAR,

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

UMA QUESTÃO HUMANA DE RESPONSABILIDADE DE TODA A SOCIEDADE.

http://projetotabuademare.blogspot.com/ divulgue este link

Depoimento Zé Pescador e Ricardo Fernandes: O Diálogo sobre a QUESTÃO SOCIAL! Prestam colaboração chamando atenção para a questão humana diretamente envolvida com o problema da pesca com explosivos, lembrando que encontrar soluções includentes é uma responsabilidade de toda a sociedade.

HINO CHEGA DE BOMBA NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS DE TATA LOPES ITAPARICA
COM APRESENTAÇÃO DE ADRIANA MUNIZ, SOCIÓLOGA ,object width="425" height="344">

Um comentário:

TÁBUA DE MARÉ MANIFESTO9 de fevereiro de 2010 às 10:03
LETRA DO HINO CONTRA A PESCA COM BOMBAS!
Letra e Música Tatá Lopes.

Baía de todos os Santos

Recifes de CORAIS

Natureza em paz

Preservando vidas que estão submersas no mar
Milhares de espécies

Vamos encontrar e um paraíso tropical

Mistérios profundos vamos desvendar em nosso habitat natural

Cerca de pedras refletindo a lua

Iluminando minha canção

Baía adorada te guardo no peito

Profundo dentro do meu coração

Chega de bomba aqui

Chega de bomba lá

Chega de bomba no mar.
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LETRA DO HINO CONTRA A PESCA COM BOMBAS!

ADRIANA MUNIZ ,SOCIÓLOGA , NA CONSCIENTIZAÇÃO QUANTO A PESCA COM EXPLOSIVOS

Eu acho que este tipo de movimento que está sendo lançado agora na Cidade Baixa na Boa Viagem é uma forma muito interessante de conquista e ganhos sociais, de envolvimento da comunidade , que na verdade tem sim que assumir a responsabilidade nesse contexto, acho que é um momento de retomada de posição das pessoas que saem de sua zona de conforto e passam efetivamente a auxiliar uma coletividade.Acredito muito nesta forma de gestão, de atuação, de sobrevivência das pessoas. Que só a partir desta idéia do coletivo é que agente vai conseguir realmente passar por diversos desafios que ainda teremos que enfrentar durante a história”

O DESAFIO DO COMBATE A PESCA COM EXPLOSIVOS-Adriana Muniz

A gente sabe que a problemática da pesca cm bomba vem sendo trabalhada a muito tempo seja pelo Governo, seja por instituições não governamentais, com “n” campanhas, “n” iniciativas, mas, ainda não percebemos nenhuma prática nenhuma iniciativa que tenha obtido o êxito desejado. É uma situação que envolve o sustento de muitas famílias.
__O principal questionamento destas pessoas quando abordadas porque praticam esse tipo de atividade, é que nenhuma outra atividade econômica para eles hoje com a falta de instrução, com a falta de recursos que a maioria deles tem, seria capaz de prover a família.
Então o grande gargalo no combate a pesca com explosivos será encontrar uma forma, uma alternativa de ganhos econômicos que sejam razoavelmente satisfatórios para que as pessoas se sintam estimuladas a sair desta prática ilícita de uma vez por todas. Se não ficamos apenas com a parte coercitiva, de busca, de apreensão, o serviço de inteligência para descobrir quem sãos repassadores destes explosivos etc. Mas apenas isto não vai acabar com o problema da pesca com explosivos na Bahia de Todos os Santos. Encontrar alternativas viáveis em que estas pessoas tenham uma remuneração digna é um grande desafio, e eu tenho certeza que agente vai conseguir atingir este objetivo.

Por Cláudia Moreira Dardaque Mucinhato- Diagnóstico-2008-

30 de outubro de 2008.

Histórico

A pesca com bomba é uma das principais ameaças ao ecossistema da Baía de Todos os Santos (BTS), maior baía navegável do Brasil, com 800 km2 de extensão e 44 ilhas. Apesar de ser uma prática centenária na região, a coleta de peixes com o uso de explosivos é uma atividade ilegal, prevista na Lei 9.605/98 (capítulo V, artigo 35, inciso II), que dispõe sobre crimes ambientais.
O crime é inafiançável e a pena varia de 01 a 05 anos de prisão, tanto para quem pesca como para quem compra, trata ou vende o pescado irregular. Não é o pescador tradicional e sim tratado como “bombista” ou “criminoso ambiental”. Geralmente são pessoas que visam lucro maior e mais fácil, sem ter que pescar peixe por peixe. O controle e a fiscalização são difíceis porque os infratores mudam constantemente de lugar.
Assim sendo, em resposta as solicitações descritas abaixo para o sistema de calibração e detecção de bombas utilizadas na “pesca com bomba” na BTS, e tais informações foram repassadas através de entrevista de antigo pescador residente na comunidade de Jeribatuba na Ilha de Itaparica/BA,

Freqüência das explosões e suas características

A freqüência das explosões está diretamente ligada ao local que o “bombista” reside. Porém de acordo com as informações na localidade de Jeribatuba há aproximadamente 13 “bombistas” e nas outras localidades de 6 a 8 .
A saída para cada pescaria é feita com 6 a 8 embarcações, onde a embarcação do “bombista” sai na frente e apenas nessa embarcação está armazenado os explosivos; esse localiza o alvo para a pescaria e fica com um pavil aceso para ascender as bombas, é acompanhado de aproximadamente 5 embarcações cada uma com 2 pescadores e que após a explosão mergulham e busca do pescado.
O produto da pescaria é comercializado nas ruas das comunidades e no Mercado de Salvador.
O peixe morto por bomba é facilmente identificável, pois o explosivo altera as glândulas de secreção e desestrutura as vértebras do peixe, deixando-o mais “mole” que o normal, porém para dificultar essa característica estão filetando antes de comercializá-lo.

Histórico de localização mais freqüentes das explosões

O “bombista” utiliza-se de saberes como fases da lua e tábua de maré para as saídas a pescaria, onde as fases da lua de maior atividade são na lua nova e cheia e em menor atividade na fase minguante, e na maré mais baixa e no lançamento da maré.
Em algumas localidades é mais intensa a atividade no período noturno entre as 17:00 e 3:00 h, dependendo da lua e em outros locais a maior atividade é no período diurno.
Os locais mais freqüentes são: a contra costa da Ilha de Itaparica, Manguinhos, Jeribatuba, Cacha-Pregos e Ilha de São Gonçalo, Salinas de Margaridas, Encarnação, Perajuíras, Cações, Rio Santana, Rio da Barra, Ponte do Funil
Em Salvador nas proximidades da praia do Cantagalo, do Abrigo Dom Pedro II, o Solar do Unhão, a Enseada dos Tainheiros e a Ponta do Ferrolho, no Subúrbio Ferroviário.

Tipo de artefato utilizado

É utilizado tanto explosivo de fabricação caseira ou industrial, composto de materiais diversos, inclusive dinamite, produto controlado pelo Exército e pela Polícia Civil.
A bomba de fabricação caseira utiliza os seguintes produtos: farinha, açúcar, café, cloreto de potássio e alumínio.
A bomba industrial a dinamite é utilizada nas pedreiras, segundo o Prof. Juarez da UFBA não há mais pedreiras em funcionamento nessa região, porém de acordo com o pescador existem pedreiras em funcionamento em Salvador, Nazaré da Farinhas e Santo Antonio de Jesus.

Quantidade usual de explosivo

A quantidade de explosivo utilizada varia de 10 a 15 bombas por “bombista” a cada saída. Utilizam estratégias para camuflar esses artefatos na saída para a pescaria como, acondiciona-los em latas de leite em pó e esconder entre as redes de pesca do barco e/ou no puçá e este fica mergulhado na água.

Tipo de embarcação que lança os artefatos.

Diversos tipos de embarcações são utilizados pelos “bombistas” para a atividade da pesca como, pequenas canoas, caiaques e até prancha de surf.
Conclusão
O que se percebe da “pesca com bomba” (Figura1), é a dificuldade em se prender um criminoso praticando o crime e quando ocorre à prisão, na maioria dos casos é liberado após ser ouvido. Raramente, ele fica preso e quando isso ocorre é por pouco tempo. Isso trás a impressão de impunidade e descaso. São diversas as variáveis a serem avaliadas na pesca com bomba: histórica, social, educativa, ambiental, policial, jurídica, institucional e ecológica. O caso não está resumido apenas aos procedimentos de fiscalização, prisão e práticas de educação ambiental.
Houve uma evolução nas leis e na fiscalização, diminuindo consideravelmente a prática de pesca com bomba na Bahia. Ao longo dos anos foram e ainda vem sendo desenvolvidos métodos de como coibir esse crime.
Porém muitos moradores têm medo e se calam e aparentemente conivente com tal prática, usando dois tipos de fala para seus atos: alguns dizem que é como uma tábua de salvação e para não haver mais conflitos nas comunidades.
Essa prática de pesca desencadeia 03 tipos de danos: 1) o dano ambiental provocado pela bomba com conseqüências irremediáveis destruindo a flora e a fauna marinha, assim como os corais e locas submarinas, habitat dos peixes e crustáceos e com a morte dos micro e macro organismos ocorre uma quebra das cadeias alimentar e reprodutiva, o que provoca a escassez de alimento para o homem, 2) dano patrimonial há abalo na estrutura de monumentos históricos, como igrejas, fortes e fortalezas (imóveis tombados pelo Patrimônio), 3) dano social pois o "bombista", pescadores, mergulhadores, nadadores podem sofrer acidentes com o explosivo, resultando mutilações e até morte.
Além disso, no entorno da Baía de Todos os Santos estão instaladas indústrias químicas de grande porte, as quais possuem dutos que transportam produtos inflamáveis, aumentando o risco de acidentes de grandes proporções.
Santos, 30 de outubro de 2008.
Cláudia Moreira Dardaque Mucinhato
Bióloga
Especialista Pesca e Aquacultura

ABAIXO: Por PAULO ALMEIDA

Depoimento em apoio ao Manifesto Tábua de Maré por Paulo Almeida, 50 anos, morador da Luiz Tarquínio, Cidade Baixa, Salvador, Bahia. Segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010-

Documentado e transcrição (Arquivo 4 8 2, 6Mb-áudio.).

Paulo Almeida:

Na verdade a minha infância e a minha adolescência eu passei toda aqui na Boa Viagem... Todo o cara que colocava bomba em Salvador na época vinha para cá pegar Tainha. Atrás do Abrigo D. Pedro I era onde se concentrava o maior cardume de Tainha e eu ficava atrás do abrigo...

E eu vivenciei isso porque era um jovem de família pobre e isto era o sustento, tanto para manter a roupa e todas as outras coisas quanto para o alimento, quando tinha uma bomba na verdade alimentava agente uma semana ou duas, dependendo da quantidade dos peixes mortos. Eu vivenciei isto, eu passei muito tempo, e até me aproximei de alguns que faziam isso... Que me incentivaram até a dar continuidade a este trabalho porque dali eu poderia ter meu sustento. E depois, quando eu fui perceber o crime que eu estava fazendo... E eu tentei interceder por algumas vezes junto a alguns amigos para não deixar... eu sei o QUANTO ERA BOM VIVER NAQUELE MAR. Eu sei das diferenças hoje, eu tinha 15 a 16 anos de idade, eu não fui adiante, mas deixei acontecer e deixando acontecer eu fui conivente com isto tudo... Então no meu relato eu estou tentando fazer um resgate e alertar as pessoas que esta pesca predatória é a pior coisa que existe no mundo! Eu sei, depois da bomba, quanto tempo levava aparecendo peixes tontos na água. Dois, três, quatro dias depois ainda apareciam peixes, agente ainda comia desses peixes.

Tinha um tal de Carapicu, que vivia na beira do mar esse peixe sumiu. Sumiram as baratinhas que você enterrava o pé e suspendia a areia e elas apareciam,... sumiram. Involuntariamente eu ajudei para que acabasse tudo isso. Peixe agulha, quem pescava a noite pegava muito peixe agulha. Eu pescador passava a rede e pegava até Camarão, eu comi varias vezes Siri azul e até Caxangá dali da Luis Tarquínio. Hoje não tem nada acabou com tudo. Hoje você sabe que até para ver um peixe, eu mergulho de óculos e a dificuldade é grande. Eu era feliz e não sabia. Meu nome é Paulo Almeida tenho 50 anos, morador da Luiz Tarquínio, nascido e criado ali, com muito orgulho.

Eu me recordo que atrás da Fábrica Empório, vocês nem fazem idéia de que nós pegávamos polvo, lagosta e ficávamos até brincando, com espécimes diferenciadas de peixe: peixe cor de abóbora, peixe pintado, peixes de listas... Tinha um canal em que só mergulhava quem tinha coragem por causa da variedade de peixe, muito peixe. E nós tínhamos um repúdio à fábrica Empório, pois ela soltava uma descarga com tecidos e restos de tecidos com tinta que todo mundo ficava revoltada, mas quando a bomba chegava todo mundo se alegrava porque era o sustento, era a alimentação. Infelizmente desta forma nos vamos nos corrompendo, nos deixando levar por uma situação ,porque eu podia tentar matar a fome de outra forma. Mas eu era um garoto de praia, um garoto que pescava e só em ver a quantidade de peixe, o chão todo branco de peixe, eu já vi... chamava lastro de peixe todo branco virado de barriga pra cima e só agora depois de muito tempo é que eu vim perceber a miséria de que participei. O arrependimento é muito grande, indignação é o sentimento que tenho hoje. E sempre que posso, na verdade até antes de saber do manifesto eu, falo para as pessoas do que eu vi e do que hoje eu estou vendo. As crianças hoje não vão mais ver pinaúnas de cor. É difícil, não tem mais pinauna de cor. Tinha Budião Azul, Budião Batata. Este peixe que incha, peixe espinho, tinham vários, hoje não tem mais nada. Cápua, você podia pescar que todos os dias que você passasse rede tinha peixe. Então o que eu puder falar o que eu puder colaborar, em palco, onde for com este projeto eu vou estar à disposição.

Atendendo ao pedido do Manifesto fazer uma colocação em relação aos jovens, porque eu era um jovem tinha 15 /16 anos, ficava fascinado pelo errado. Fascinava-me ver uma bomba cair no mar e matar os peixes, então o que eu digo aos jovens de hoje é que existem “N” situações para se arranjar um dinheiro, varias formas de se buscar, o jovem de hoje precisa ajudar para que não aconteça. O jovem precisa do mar, o jovem precisa da areia, precisa de ir a praia pra tomar sol, se bronzear e ficar bonito e buscar o seu sustento de outra forma qualquer. É do jovem se fascinar com o errado, que se droga que bate em todo mundo, o jovem fica fascinado com o policial truculento, com o marginal que chama atenção, isto é do jovem, mas o alerta que dou é que este fascínio passa e seca como se fosse uma gota de éter, o que vocês precisam é estarem atentos para proteger... Eu era feliz e não sabia. Então para que vocês na digam isto mais tarde, é hora de se unir contra esta situação predatória e não deixar acontecer. (: 36 seg. de áudio)

Lidia Pimentel: moradora da Boa Viagem há 15 anos complementa:

__Se continuar deste jeito o que serão dos netos desses pescadores Bombistas que dizem que só tem isso pra fazer, o que eles vão comer? Tem que se criar outros meios de sobrevivência, não basta prender o Bombista. Tudo bem, é crime, mas qual a outra opção oferecida a eles? Tem que se olhar à questão pelos dois lados.

Paulo Almeida:

Eu conheço alguns que deixaram de botar bombas, são meus amigos, um deles hoje compra peixe e revende, na feirinha, nunca mais soltou uma bomba, por ele mesmo, por espontaneidade, porque ele viu que o Peixe ficou escasso.

Você sabia que a própria tainha com o tempo ela foi mutando, sofreu mutação. A própria natureza ajudou a tainha, tinha a curimã que era a maior e tinha a Taúna, menor, ela vinha com a cabeça mais forte, ela se chamava de Azeiteira, quando se botava bomba ela virava ,levava alguns segundos naquela porrada ai ela se virava e ninguém encontrava mais nenhuma, ao que parece o próprio peixe mutou contra a bomba. Eu presenciei isto de ver jogar a bomba no cardume, ver a bomba explodir, você dizer matou e ainda ver desvirando e indo embora, desvirando e indo embora, parece incrível. Eu já peguei curimã de 1.600 gramas hoje você não acha mais uma. Ela saiu daqui. Ninguém acha mais.

Lidia Pimentel:

Eu tenho um amigo que mora ali na Avenida Constelação, Pedra Furada e às vezes quando eu ia para a casa dele e de manhã cedo quando agente acordava, víamos dezenas de mulheres naquelas pedras catando o marisco, rala côco, hoje você não vê mais ninguém! Tinha Siri Bóia.

Paulo Almeida:

Eu fazia o cozido da baratinha branca, quando a água vinha que você metia o pé, vinha muita baratinha, acabou. Não tem mais. Há tempos que não mergulho, mas vejo que a areia da praia mudou, e acho que é uma conseqüência da depredação, a areia virou uma nata de lama, o que tem hoje é um molusco preto, se locomove com muita lentidão, que se chama tinteiro, quando você o pega ele solta uma tinta. Eu sei que a areia mudou, eu vi mudar. Não é a mesma coisa, eu que pisava e andava ali. Está totalmente diferente e eu sei que tem relação com o efeito da bomba.

A bomba destruiu vários arrecifes que davam contenção as águas. Só havia duas entradas de barcos, uma aqui em frente ao Colégio Luiz Tarquínio e outra lá na frente onde a Galinhota costumava entrar, quando a maré esvaziava ninguém entrava , hoje eles entram por outros locais. Quebrou parte dos arrecifes, mesmo, agora acabou e era lindo de se ver. Na época agente não se importava de filmar e também éramos de famílias pobres. Mas aquilo era coisa para hoje termos um material belíssimo nas mãos. Passávamos os dias nas pedras* com botas por causa da quantidade de pinaúnas, muitas camas de Polvo. Agente escorregava nas pedras que eram cheias de camas de polvos. Tinham um tal de Mijão, que se você o tocasse ele espirrava, acabou.

À noite saiam plantas* de dentro das pedras, tinham plantas e peixes diferentes. Mergulhar a noite é mais bonito do que durante o dia. Era, hoje não é mais. Quem mergulhar ai já não vê mais nada. Tenho muitos amigos pescadores, que mergulham... Se tiver equipamento eu tenho amigos mergulhadores profissionais que podem filmar tudo para mostrar.

Paulo Almeida:

O Interessante é que eu percebia que minha casa, de família pobre, cada dia rachava mais. Agente dormia e quando acordava era com medo que a casa caísse porque mais uma bomba estourava, a casa estremecia e agente acordava naquele pavor. Tinha rachadura de um dedo e agente, “pobres”, ainda tinha que arranjar dinheiro para consertar, mas sempre era a mesma coisa, certa feita, uma parte da alvenaria cedeu tanto que dava pra ver a areia lá no fundo. A bomba é assim, ela deixa o seu estrago. Até no Abrigo D.Pedro II ou I, eu já presenciei pessoas chorando porque naquele dia, acabava de falecer mais um idoso. Porque não é fácil você estar dormindo e a bomba estourar no mar, só quem presencia esta situação é que sabe o que é! E a minha casa era totalmente rachada por bombas, e outras casas na avenida que eu morava também.

Resumo:

A adesão e o abandono da prática da pesca com explosivos ainda aos 15 anos de idade, para alimentação familiar e outras necessidades... Relato de rachaduras nas casas da rua gerando os custos com constantes reparos, morte de idosos pelo susto causado por explosão de bombas. Entre os elementos que diminuíram ou desapareceram da região foram citados Tainha, Carapicu, Peixe Agulha, Mariscos, Rala Côco, Camarão, Baratinha, Mijão, Pinaúnas de Cor, Pinaúnas pretas, Plantas, Camas de Polvo, Siri Bóia. O desaparecimento cultural e gastronômico das marisqueiras. Destruição expressiva de parte dos Arrecifes da Cidade Baixa. Utilização das águas para despejo de dejetos das fábricas. O falso benefício da Bomba.

MUSICA CHEGA DE BOMBA -TATA LOPES

http://encontrodemusicostabuademare.blogspot.com/

DIA 03/03/2010 ENCONTRO AMIGOS DO MAR

ENCONTRO AMIGOS DO MAR-ILUCTRON LEDS:APOIO.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

UMA QUESTÃO HUMANA DE RESPONSABILIDADE DE TODA A SOCIEDADE.

Um comentário:

Contato: saladearteleiga@gmail.com

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